segunda-feira, 10 de agosto de 2015

        

Uma análise sobre Vestido de Noiva de Nelson  Rodrigues

      Olá visitante, seguidor, curioso... seja o que você for... sinta-se convidado a acessar este blog sempre que for de sua vontade.



    Hoje venho por meio desta publicação sanar a sua curiosidade e testar as minhas habilidades de escrita e conhecimento teórico em torno da literatura brasileira.

           Pela manhã tive a brilhante ideia de fuçar nas gavetas e por acaso encontrei o que seria o material ideal para esta postagem. Encontrei em meio aos meus pertences uma avaliação de Literatura Brasileira realizada no dia 09/09/2013, em que felizmente fui muito bem. Desta forma, logo senti vontade de escrever e comentar sobre o conteúdo da prova.

           Eu cursava o 4º ano e nos foi aplicado um teste, em que deveríamos tecer comentários sobre os conteúdos: "a poesia de João Cabral de Melo Neto; a poesia concreta; e Vestido de Noiva, de Nelson Rodrigues. Como podíamos escolher na primeira parte da prova a questão que iríamos responder, dentre as que estavam lá, escolhi comentar sobre a presença dos três planos (da alucinação, da memória, da realidade) em Vestido de Noiva, de Nelson Rodrigues, ressaltando o que predomina em cada um e como eles se relacionam na construção da peça.

            Então, atendendo a proposta acima, podemos dizer que a obra "Vestido de Noiva" de Nelson Rodrigues marca o início do teatro moderno no Brasil, pelo trato com a linguagem e sua forma inovadora, causando muita polêmica e grande revolução no cenário teatral brasileiro.
            A obra de Nelson Rodrigues é revolucionária e se destaca tanto pelo uso da linguagem, como também pelo fato de situar a peça e todos os fatos narrados no plano pscicológico da consciência e subconsciência da personagem Alaíde.
            Pode-se dizer que a obra se concretiza por meio de três planos: o da Alucinação. Da Memória e também o da Realidade. Todos esses planos se intercalam e se sobrepõem uns aos outros da mesma forma como se dão os pensamentos e a memória de Alaíde, construindo o espaço, no qual a narrativa se desenrola. Não há uma linearidade propriamente dita, pois o teatro segue assim como se dá o fluxo de consciência da personagem.
            No plano da Realidade, podemos ver que Alaíde está passando por um processo de mortificação, em estado de delírio. Assim, todos os fatos narrados acontecem na cabeça de Alaíde, que possui neste momento, uma mente em estado de desagregação. De acordo com o enredo, no plano da Realidade temos Alaíde sendo atropelada e no da Alucinação temos o encontro entre Alaíde e Madame Clessi. Já no plano da Memória, podemos observar as memórias de Alaíde que são fragmentadas.
          O enredo desta peça se desenvolve por meio da intercalação destes planos. É este manuseio atípico da ação que torna o “Vestido de Noiva” de Nelson Rodrigues, uma peça altamente inovadora para a dramaturgia nacional.
Alaíde é aquela mulher que quer se reafirmar como mulher, roubando os namorados da irmã. É claramente notável a fragilidade desta personagem em realação aos ideias da época. Podemos dizer que Alaíde é bastante imatura e insegura e suas atitudes funcionam como uma válvula de escape da solidão e do vazio interior criado pela própria personagem. 
          Durante a peça, notamos que Alaíde é constantemente atormentada pela culpa e toda a repressão feminina da época torna ainda mais densa essa culpa que a personagem sente, pois naquele tempo a mulher só poderia atingir o sexo apenas sob duas formas, ou pelo casamento, ou pela prostituição. Diante disso, entendemos que para Alaíde o maior modelo de liberdade e transgressão se dá na figura de Madame Clessi, uma antiga prostituta de luxo, em quem Alaíde se espelha.
          Diante da complexidade do enredo, que se ocupa de mostrar as mazelas humanas, podemos dizer que o teatro de Nelson Rodrigues é altamente desafiador por não apresentar uma solução ao leitor ou espectador, mas ao contrário, esta obra provoca a serenidade do seu destinatário e o desestabiliza, ao passo que o obriga a prestar participação, pois a genealidade desta obra está no fato de ela ser interativa, ao passo que para se chegar a qualquer conclusão é necessário aceitar o desafio proposto pelo autor, decifrando o que propõe cada plano da consciência de Alaíde e preenchendo cada lacuna apresentada no texto com as próprias concepções e experiências de vida, já que esta é uma narrativa aberta e de cunho psicológico.






     

Nenhum comentário:

Postar um comentário